quarta-feira, 4 de agosto de 2010

...moçambique...moçambique... =') ...

…A 11 dias de aterrar em Lisboa… Ansiosa para vos abraçar a todos!! E de vos entregar, de coração, muito Amor que fui ao longo destes meses armazenando para vocês! =’) … Não há qualquer dúvida: vocês são o meu corpo…são uma parte fulcral para a minha sobrevivência…são parte de mim… =’) …
…Mas, independentemente, há uma “tristeza” que me invade o peito…meti mesmo em reticências pois não é uma “dor” mas sim uma comichão que se alastra por saber que quando chegar vou ter que lutar muito para seguir o meu Caminho: continuar em busca da Utopia do Amor… SIM!!! ELA EXISTE!!… =) e isso para mim foi a maior lição que (re)aprendi aqui…voltar a acreditar fielmente nos verdadeiros valores da Vida…na essência Pura e Bondosa do Ser Humano…nos reencontros e nas partilhas feitas apenas pelos nossos Corações e pelas nossas Almas…na entrega total e transparente de uns para os outros…na Irmandade dos Seres Terrestres…ACREDITAR E CONFIAR NA UTOPIA DO AMOR… =) …
…E tudo começa em Nós!... Não podemos andar a pedir aos outros que nos “dêem” algo que nós nem “damos” nem metade… A inocência (não a ignorância!) é a das melhores qualidades humanas… Nascemos todos com ela, mas ao longo da Vida vai nos escapando e escorregando nos nossos corações…para, finalmente, a reencontrarmos no final do Trilho!… MAS porque não resgatá-la antes (que seja tarde)?... Olhando para o meu percurso, tenho como ícone (com toda a modéstia) a Criança que fui…sim, é verdade… Fui ganhando máscaras com os obstáculos que a Vida foi-me colocando… Felizmente elas iam caindo ou derretendo por entre o Amor caloroso que sempre recebi nos meus contactos humanos… E o sofrimento faz parte da Vida!...é uma realidade pura e dura! Mas, cada vez mais, acredito que ele apenas existe para nos ensinar algo e nos alertar para “o nosso Caminho”, que fomos perdendo de vista…
…Eu acredito que o meu Caminho é de estar inteiramente ao serviço dos outros…criar laços de Amor nos corações das Almas que reencontro… Não tenho medo de o dizer em voz alta!... =’) …
Moçambique…Moçambique…Que Terra! Que Almas!... Todos os que já me tinham ouvido falar de Moçambique sentiam o carinho que já tinha por este país! Parecia mesmo que já cá tinha estado… E tive, sem dúvida!... (Agora sim, também o consigo dizer…) Desde cá cheguei aconteceram milhares de cenas paranormais… Tive inúmeras iluminações... Dezenas de Reencontros… Foi muito enriquecedor na minha esfera espiritual!... (que nem todos acreditam, eu sei, peço desculpas…)… Sinto-me mesmo “abençoada” em todos os aspectos e consegui derrotar o meu maior medo: ter medo de morrer, morrer antes de concretizar a minha Missão… Não porque ache que já a concretizei MAS SIM porque já a comecei a concretizar!... E se morrer amanhã morro feliz porque sinto que, pelo menos, comecei verdadeiramente a lutar pelos meus sonhos!... Já não vou morrer com um Vazio que não fui à luta pelo o que eu acredito e vou com o Coração cheio de Amor (principalmente cheio do vosso…)… =’) …
Desculpem o discurso tão melancólico mas queria partilhar um pouco com vocês uma molécula da Utopia onde moro…
Falando agora com os pés assentes na Terra, queria falar sobre Moçambique…falar com os Moçambicanos…falar com os portugueses que partiram desta Terra durante a guerra…falar com quem esteja interessado na realidade moçambicana… Ao longo deste tempo falei com diversas Almas…muitas histórias eu ouvi (e como eu gosto de ouvir!)… Neste momento consigo ter uma perspectiva mais focada histórica e socialmente... É interessante descobrir o abismo existente em LER sobre Moçambique e VIVER Moçambique… As lacunas que os livros contêm…como a História está distorcida…como as notícias e as estatísticas nos iludem… Temos mesmo que cá vir: Ver, Sentir e Viver com os nossos próprios olhos, Almas e Corações!...
Começando por um pouco de geografia, Moçambique é um país, praticamente, plano!… É brutal a sua dimensão! São quase 3.000 kms de costa!!!... Tem meia dúzia de estradas “aceitáveis”, das quais uma é aquela (tão mencionada) “Estrada de Luz” que une Maputo a Inchope (o mítico cruzamento de Moçambique…) e que continua até Nampula… já vos explico melhor… e nessas estradas é impressionante observar a vasta planície que é Moçambique… Com uma paisagem sempre maravilhosa, cheia de diferentes árvores, estas mais sábias que qualquer Ser Humano com muitas histórias para contar, e sempre com palmeiras à mistura dando aquele ar tropical que eu adoro! Esse cruzamento de Inchope é centenário, e conhecido pelo “corredor negro”… O cruzamento liga Maputo a Nampula (mais ou menos 2.500kms) e Beira a Zimbabwe (mais ou menos 400 kms)… nesse cruzamento vinham os (escravos) negros carregados com mercadorias desde o porto da Beira até ao Zimbabwe… É mesmo O cruzamento!... Para vos explicitar melhor: o lonely planet de Moçambique é minúsculo para a sua grandiosidade territorial…a razão é porque maioritariamente Moçambique é planícies com comunidades/famílias a viverem em cabanas… (ponto) … “Não se passa nada” na maioria das vilas… é verdade, para os “turistas” não interessa pois são apenas cabanas e machambas… Enquanto os de “fora” vão apreciando e concluindo que as pessoas nem vivem assim tão mal pois, realmente, parecem “felizes”…
Historicamente: depois da minha experiência no Quénia e de conversas soltas com muita gente, fiquei mesmo a sentir que a colonização portuguesa (apesar de desumana, como é óbvio) foi muito menos atroz que a inglesa… As nossas colonizações foram um “foróbodó” hahaha e mesmo a “guerra” da independência moçambicana não tem comparação com a guerra civil que durou anos entre a Frelimo e a Renamo, que foi o ponto de descalabro para este povo… Milhares de pessoas morreram, literalmente, à fome… Outros milhares foram brutalmente mortos… Ouvi histórias de Vida brutais!!... =’( … de quem passou realmente fome e viu os seus ente queridos morreram por causa de uma guerra estupidamente desenfreada e sem fim… Nos dias de hoje não há guerra mas também não há liberdade… Sei que isto é de cultura geral mas era só para sublinhar que comparativamente com o Quénia (colonização inglesa) temos mesmo uma fama “menos racista” e de menores “danos” na época pós-colonial… Digo isto sem querer de maneira alguma defender o nosso colonialismo!! Pois sou totalmente contra tudo o que seja ditaduras e acho que foi dos acontecimentos mais cruéis da História Humana!!... Estou a apenas a comparar duas colonizações e a concluir, na minha mera opinião, que fomos muito menos “bárbaros” que outros…e isto também são opiniões de moçambicanos que têm conhecimento de outras realidades…
Estou MESMO a resumir o que absorvi pois é de facto impressionante a realidade moçambicana para conseguir retratá-la aqui…
Mas perguntam-me (ou perguntarão, como é óbvio), qual é a “solução” para acabar com a pobreza em Moçambique?... reparem que eu não disse a “solução para o desenvolvimento”!...esse conceito tão vasto já me causa náuseas… Se calhar até começo por falar no dito “crescimento económico/social” que tantas “ONG” buscam… Quando andei aí pelas Estradas (de Vida) apercebi-me naturalmente que o “nosso” desenvolvimento é completamente contraditório para o crescimento económico e social eficaz neste país … Para nós eles estão “subdesenvolvidos” morando em cabanas mas para eles, eles estão no seu “habitat natural”…claro que já estão “influenciados” pela globalização e já querem mais!!...Sim!...Querem, se calhar, tanto como nós mas o básico nem o têm…(como podem pedir mais?)… Dinheiro para telemóvel todos têm!... Comem menos mas viver sem telemóvel é que não!!... (onde é que eu já vi e ouvi isto?) … As consequências (más) da globalização ressentem-se aqui…mesmo na zona mais rural… é triste, não critico ninguém pois se vivesse nesta realidade, de certeza, que poderia ter o mesmo tipo de comportamento… “a galinha da vizinha é sempre melhor que a nossa”…outro dos ditados que eu acho que o Ser Humano mais aplica no seu dia-a-dia… Para mim, a resposta mais directa e objectiva para se “salvar” este país da miséria é, sem dúvida, investir na área da saúde e educação! Sem dúvida! Mas porque é que ainda não o fizeram?... Para além do Governo corrupto (África sofre desse sintoma…), não há médicos nem professores…ou se os há não estão habilitados… Aí está um grave problema! E os que existem e trabalham nessas áreas são mesmo muito mal pagos… E para ainda menos ajudar, os profissionais que querem vir para cá apenas como voluntários é-lhes fechada a porta… E perguntam-me porquê?... Porque não interessa ao Governo… O F.M.I. vai dando dinheiro mas somente para encher mais os bolsos de quem já tem em excesso… Esses também não vêm?!… Desde que as estatísticas sejam agradáveis a quem as consulta, pouco mais devem querer saber…não sei… As escolas e hospitais em que tive são mil vezes piores que os nossos… (Ainda nos queixamos!!)… Quem dera a muitos terem apenas um milésimo das nossas condições… Mais outro ditado bem popular: “Só damos realmente valor a “algo” quando perdemos realmente esse “algo””… Quando disse anteriormente que as pessoas eram “felizes” nas suas cabanas não é de as “subestimar” mas sim valorizar as culturas que ainda existem… E depois quem somos nós para dizermos e sabermos que elas iriam ser mais “felizes” a viverem como nós?!...Nós somos “felizes”!?.......... Agora é óbvio que se todos tivessem acesso ao mínimo das necessidades básicas: melhor! Esta Terra é miraculosamente fértil! Qualquer semente dá frutos!... O problema está no escoamento dos produtos e, também, na falta de formação das pessoas na área da agricultura…é verdade! Muita desta Terra não está a ser usufruída eficientemente por falta de conhecimento… A alimentação é “pobre” pois eles próprios não têm noção da produtividade das suas terras… Mas lá está o problema do nosso “querido desenvolvimento”…a maioria das ONG só se preocupam virem cá dar formações baseadas nos modelos de desenvolvimento europeus em vez de darem “ferramentas” que podem ser realmente utilizáveis aqui…
Pffffffffffffffffffff……………………..Há tanto para dizer… Não estou mesmo a “criticar” nem a ser “negativa”…apenas estou a falar emocionalmente de cenas que já vivi aqui e que me tocam…
Toca-me andar neste país e ver tanta pobreza…mas toca-me muito mais ver (como estou até a viver na pele) as discrepâncias que existem aqui…e os mais “fracos” não se imporem…COMO NÃO?!... O Poder é das criações humanas mais repugnantes!... se não existisse o Poder não haveria distinções… Poderíamos viver todos neste planeta em harmonia e partilhar tudo uns com os outros… O dinheiro, outra criação asquerosa…que apenas apoia a separação dos seres humanos…e distorce as ligações humanas…
…ficaria aqui horas a fio a escrever…se calhar disse apenas “disparates”…se calhar não fui muito “objectiva”…mas ainda estou a digerir muita coisa… Fico por aqui…
Queria meter mais fotos mas o meu acesso à internet é escasso… Faltam 2 dias para abraçar a minha mãe e a minha irmã que vêm cá… =’) …e faltam 11 dias para vos ter nos meus braços… =’) …saudades e Amor em doses desmedidas para vocês…e sempre a desejar o melhor que a Vida vos pode dar!!...Obrigada por estarem sempre comigo…e eu estou sempre com vocês!...
Até já… =’’)))) ….

quinta-feira, 22 de julho de 2010

as minhas karkassinhas lindas... =') ....

Escolhi esta porque sim...foi logo num dos primeiros dias e os chupas que eles têm foram as minhas meninas de Moçambique que me deram para lhes dar... ='))) ...foi esta foto que também enviei depois à Irmã Lucília para elas ficarem todas contentes...
Ainda não disse mas eles chamavam-me, quase sempre: "carcasa"!hahahaha tenho buéda desenhos feitos por eles que diz "to carcaça"... ='D ADORO!!!... ai ai...

...desabafo...

…não sei bem por onde começar pois quero realmente dizer tanta coisa que também não quero me dispersar como de costume… Sei que muitos de vocês “estranharam” o meu silêncio e não foi em vão… O que mais me sensibilizou foi o facto de terem me “sentido”…é porque estão comigo… =’) …a vontade foi muita, partilhar tudo com vocês, mas quando eu me “fecho” meto mesmo um cadeado na minha Alma e até isto se abrir tem mesmo que já estar a roçar os limites das “grades”… (isto foi algo que fui (re)aprendendo com a idade pois impulsiva nata como sou não o faria se fosse há uns anos atrás…e sinceramente já não sei se é mesmo por aí que deveria ir mais vezes…)…
Já me fui embora da minha 2ª Casa aqui na Terra Mãe, no Quénia mais especificamente…Disse um: “See you one day!...” aos meus miúdos… =’) …Custou e está-me a custar, como é óbvio…Nestas duas noites tenho dormido mesmo muito mal, com insónias como já não não me lembrava de ter…sonho só com eles…os motivos…já vos vou revelando…e nesta Casa por serem apenas 25 e estarmos todos “fechados” numa “vivenda” ainda mais intenso foi para mim a “despedida”,embora à frente deles não chorei…já há alguns dias andava com as lágrimas nos olhos e quando foi a altura do “Adeus” ou, melhor, do “ATÉ JÁ!” senti-me interiormente como uma cascata, que iria derramar um rio mas…contive-me…porquê?...nem eu sei porquê…(ou já sei…)…porque se calhar fechei-me e “bloqueei” algo em mim…e sinceramente não gostei pois agora sinto no coração que algo aconteceu aqui na minha estadia pelo Quénia que mexeu com aqueles nossos Medos mais terrestres…os quais pensei ter vencido quando cá aterrei…mas afinal não…
…sei que o meu discurso vai soar muito vago e aluado…mas tentem mergulhar nos meus pensamentos, ou melhor, desçam à superficialidade das minhas palavras e escavem por entre elas…e assim já será perceptível o que irei dizer…
Quando decidi (finalmente) abrir as minhas asas e voar para a minha Terra ancestral, vim seguir, unicamente, o meu coração…foi para viver aqui esta experiência completamente despida de todos os tipos de máscaras ou medos…Ser apenas Eu, na minha essência, completamente despida de todos os casacos e mantas que me cobriam mas que não eram meus…apenas envolvida numa capa puramente transparente…Aceitar-me como Ser e aceitar os outros como São…e como objectivo primordial: envolver-me num projecto, ajudando no que eu pudesse e claro: espalhar muito mas muito Amor!... Fazer aquilo que eu sinto que nasci para fazer: relacionar-me com Seres Humanos e lutar pela minha utopia do Amor…… Queria dar o corpo ao manifesto 24 horas por dia… Já tinha feito muito voluntariado aí mas aqui poderia me envolver de corpo, mente, alma e coração a 110%... Sentir-me na minha verdadeira pele…lutar contra as injustiças humanas e desigualdade sociais!!...Tentar ver e sentir com os meus próprios olhos o porquê de, num planeta tão vasto, existirem centenas de milhares de pessoas, neste continente ainda para mais tão abundante de riquezas naturais, a passarem fome e sem acesso a necessidades (para nós já tão básicas) para a sobrevivência e o desenvolvimento natural de qualquer Ser Humano…ao contrário de noutros continentes, que já não valorizam a própria Natureza que é o mais precioso que o nosso planeta nos dá (ainda) todos os dias… -E agora ficaria aqui a filosofar sobre estas questões e iria me perder por muitos caminhos que esta conversa poderia dar…mas vou continuar a minha linha de raciocínio- …Perceber o que poderei fazer no meu futuro, já nem digo para salvar o Mundo, mas contribuir mais directamente para a minha Utopia (re)nascer…
…mas como em qualquer relação humana, só estamos “unidos” se todos tivermos a lutar pelo mesmo, da mesma forma, de Alma e coração abertos…Se estamos todos para o mesmo fim, a união é que faz a força…o Amor… Não basta um estar a batalhar por isso e o outro não estar a dar tudo… Agora olhando para trás parece que faz todo o sentido ter andado por terras moçambicanas, ter tido a experiência que tive por lá, e só depois vir planar para as terras quenianas…(e agora voltar, outra vez, para o meu ninho, Moçambique…) Não vou repetir-me sobre as minhas meninas e Sisters moçambicanas que lá deixei e que ocuparam lugar cativo no meu coração, apesar de ter ficado muita coisa por partilhar (mas muitos jantares em minha casa irão haver…os vizinhos que se aguentem…hehehe) mas sim, vou falar desta experiência no Quénia…e dos meus miúdos brutais que também (re)conquistaram-me…e que por eles estou com o coração engelhado… =’( …
Para vos dar um “cheirinho” desde o início da minha aterragem em Nairobi, quando cheguei a minha mala não apareceu, fiquei com a mesma roupa uma semana e os meus miúdos aqui estavam mais preocupados com isso do que eu! Quando vesti uma roupa nova deliraram! hehehe A Rita (já vos explico quem é…e de certeza que irão conhecer… =) …) e a Elisabete (idem) diziam que eu andava a tomar calmantes pois andava zen demais para quem perdeu uma mala… Eu estava e estou! (que nunca mais apareceu!) Mas foi uma prova que estou completamente “desligada” do mundo material…e isso deixou-me orgulhosa de mim mesma, pois afinal não era só garganta…enfim…a capulana, que lá ia dentro, que as minhas meninas tinham-me dado na despedida, é que me deixou um bocado triste mas…é assim a Vida…sempre com a dar e a tirar…para podermos melhor (re)aprender as leis da Vida…
A primeira pessoa que conheci foi o Armstrong, o director da CYCA que é o parceiro da ADDHU (a ONG portuguesa pela qual vim para cá), tive uma empatia imediata com ele…ficámos a falar o caminho todo…com um discurso um bocado egocêntrico mas parecia-me uma pessoa cheia de ideias (e se calhar até o é…) e que fazia mesmo muito para combater a pobreza e a desigualdade por cá, o que me cativou logo… “Prometeu-me” mundos e fundos…que iria conhecer outros projectos com ele e que iria delinear as minhas tarefas cá…estava a sentir que, como nas Irmãs em Inharrime, iríamos ser uma equipa: todos unidos!!..................................................................................................................................
Bom, logo que cheguei a Casa entrei mesmo em Grande, cheia de Amor para dar! =’) …No avião tinha estado a tentar decorar os nomes dos miúdos pelas fotografias, e qual foi o espanto do Armstrong (o queniano pseudo-utópico) quando, ainda no carro, apontei para o Edwin e adivinhei o nome dele… A primeira pessoa a receber-me e de braços e coração abertos foi a Rita… =’) …esta Rita também já está com lugar cativo cá dentro…está a estagiar cá pelo inov mundus…é uma Alma brutal e muito especial…e descobrimos que somos praticamente irmãs gémeas…sim, que os nossos mapas astrais mostraram isso!! hahaha A seguir fui ter com os miúdos e senti-me logo em casa… =’) … Com o André, que é o outro estagiário, foram só coincidências brutais! Para além de eu já saber que tínhamos uma amiga em comum, eu quando o vi disse que a cara dele não me era estranha (o que é esquisito pois eu nunca me lembro da cara de ninguém, como todos sabem) mas afinal tinha razão…passados uns dias ele relembrou-se que tivemos a falar numa “barraquinha” da ISU numa festa de solidariedade no Terreiro do Paço….e que lhe dei boleia para o Bairro Alto (!!!) ahahahaha estava eu com a minha sister Pac e com a Sophie… =)) …lindo!!!! O André outra Alma muito especial que já está sentado ao lado da Rita cá dentro…verdadeiros Amigos… O André ainda me aturou 4 dias seguidos pois alugámos um carro e fomos passear pelo Quénia…foi brutal!...Nairobi é uma cidade “europeia” horrível, muito poluída e com prédios demasiado imponentes para a miséria á volta que tem…enfim…mas logo na saída de Nairobi é surpreendente as diferentes paisagens que o Quénia nos apresenta…É África…Há mesmo qualquer coisa de especial nesta Terra…já não estranho as pessoas de aqui serem tão religiosas…….apesar de também ter andado a dizer aos meus miúdos que: “My God is Love and lives inside us”…. Mas essas aventuras hei-de vos contar com fotos à mistura (e muito álcool claro…hehehe) Bem, Obrigada André… =’) … (ele já sabe é as histórias de Vida de mim com os meus amigos todos…hahahahaha o jantar da Família do Amor…hehehe) Por acaso ele disse-me muitas vezes: “tens mesmo saudades do pessoal…” … =’) …e tenho: MUITAS!!!...são até mais do que muitas… Vocês fazem parte do meu Ser… Vocês são o meu “corpo”… Eu vos pertenço… sem dúvida… =’’) ….
Bem, já estou a divagar para não variar…e já me perdi…enfim…
Indo agora um bocado ao âmago do que realmente interessa: nesta Casa recebi ainda mais Amor: das crianças e dos meus novos amigos que fiz: Rita, André, Elisabete e Ana (estas duas voluntárias…duas Almas Lindas com que me identifiquei muito, cada uma (re)vi-me na sua maneira de Ser especial…que tive o prazer de (re)encontrar e espero reencontrá-las muito mais vezes….)… Os quenianos que moravam e trabalhavam lá em Casa também foram impecáveis comigo mas…é isso: MAS…e porque é que não falei abertamente do que estava a sentir na altura?... Durante este tempo todo, fui sentindo cenas mesmo maradas…como não as disse, e quando as disse não fiquei inteiramente esclarecida…fui-me fechando…”murchando”…mas não completamente, era apenas momentos…mas esses momentos fazem toda a diferença no Todo… Não na minha relação com as crianças pois com elas até fui bastante “criança”, pura e sincera…o que me fartei de rir neste mês com elas! =’D …um dia quem sabe, quando crescerem adorava que me viessem visitar e ficassem lá em casa…já estou a imaginar a Brenda de whisky na mão…hahahaha aquela miúda tinha um ar de bêbada, era uma karkassa brutal!!!hahahaha ela é mesmo engraçada…eu e ela no bairro espalharíamos mesmo o Terror à Grande!!!hahahaha e se a Mercy se juntasse à festa ainda melhor!!!quais mitras quais quê?!...metiam-nos a um canto!!hahaha ai ai…cada um com uma personalidade já mesmo muito vincada…e muito cómicos, mesmo!!…hahahahaha um reality show ali tinha sucesso!!hahahaha e mesmo com o Robert (Roberto para os mais intímos) que é o irmão do Armstrong, que trabalha e vive lá…que está-te sempre a dar “possobens” (e pois posso bem sem eles…hahahaha) e que dá-te “decks” de meia-hora, com aquela cara de filósofo…enfim…cenas que depois pessoalmente vos partilho pois senão não tem piada assim por aqui…mas o verdadeiro significado de transparência total faltou, e falta ali… Não houve, a meu ver, um total conhecimento de tudo o que se passava ali… Há mesmo uma discrepância entre o que a ADDHU transmitiu-me e o que eu via e sentia ali com os quenianos… Então com o Armstrong nem vou comentar… A razão pela qual eu não falei disto (e muito mais que aqui não interessa escrever) é por respeito à Laura e à Carolina, que são quem gerem a ONG portuguesa…pois não vale mesmo de nada estar a criticar os outros, dizer que se fossemos nós faríamos melhor, que elas não sabem gerir bem… pois elas, pelo menos, tiveram a iniciativa de fazer algo…de ajudar… e apesar de, no fundo, eu não as conhecer (principalmente a mãe da Carolina, a Laura), elas foram sempre impecáveis comigo e deixaram-me levar os miúdos todos a um passeio a Hell’s Gate, que é um sítio brutal…fizemos um safari pedestre… =) …animais é que vimos poucos mas fartaram-se de correr e isso é que nos enche a Alma: vê-los a Serem apenas Crianças, livres de corpo e espírito… e foi aí que eu “retrocedi” no meu percurso de Vida…não falei totalmente tudo o que eu sentia pois fiquei com Medo…mas Medo do quê?!...ya!...sinceramente medo de magoar…pois não faz mesmo parte da minha essência falar ou ficar mal com alguém…e depois de me “abrir” um pouco com elas por mail e telefone, senti que não poderia dizer tudo pois poderia “chocar” com elas…e então: calei-me… E o que eu mais queria dizer e fazer, até mesmo com o Armstrong era: “Vamos nos reunir todos e falar abertamente sobre tudo o que se passa aqui…” Sou uma mera voluntária, sei que depois me vou embora, mas tinha vindo mesmo para me “envolver” nisto…utópica e idealista como sou, aqui no Quénia fiquei reprimida de falar…enquanto que em Moçambique eu falava de tudo com a minha Sister Lucília, ela dava-me para as mãos o dinheiro e a contabilidade toda dos projectos e perguntava-me mesmo qual era a minha opinião…Em tudo, mesmo!... Não estou mesmo a “mandar dicas” para ADDHU mas estou simplesmente a ser transparente… Pois até escrever aqui me “reprimi”…Eu sou assim… E também sou aquela pessoa que vê sempre algo de bom em todas as pessoas e também vi essa “bondade” nelas mas acho que faltou mesmo me envolverem mais no projecto em si… Não gosto de tabus nem segredos… Não gosto de “engolir sapos”…sei que vou sofrer (como já sofri) muito por isso mas se o fizer estou a contribuir para a maior “corrupção” humana, que é a da Alma…a minha disse-me e diz-me que não devo mentir nem ser falsa, ou cínica, ou “ter que engolir sapos” para ficar tudo bem…a minha Alma diz-me que devemos ser transparentes, falar o que sentimos realmente cá dentro…mas eu aí “derrotei-me”…”vendi” a minha Alma ao que a sociedade acha mais correcto fazer…e neste momento sinto-me mesmo triste…por isso as minhas insónias…pois ontem durante a noite, sonhei outra vez com os meus miúdos e sempre a mesma situação…na nossa “despedida”…pois eu não fui nem correcta comigo, nem com eles, nem com ninguém, apenas e só porque não fui totalmente sincera comigo…e no momento que me despedi deles, eles estavam a lanchar o salame de chocolate que tinha feito para eles, houve uns que ainda me perguntaram: “how many days are you leaving?”… =’’((( …porque eu sempre disse que iria ficar até dia 31…e fui-me embora antes do tempo, ainda por cima para Moçambique, eles são crianças, seres puros, devem ter achado que “os deixei”…assim…simplesmente…porque sim…eu escrevi uma carta para eles, pedi à Anne (a mais velha) para guardar… Se calhar já nem existe… Eu que, mesmo com as minhas meninas, tentei sempre incutir neles os meus princípios e ideais de Vida todos, servindo-me de exemplo para lhes mostrar a Utopia do Amor…num dos principais mandamentos eu própria “errei”…não fui “livre de espírito”… =( …e a culpa não é mesmo de ninguém…pois se não o fiz foi porque mais uma vez, não me aceitei…e consenti… =’( …
Bem, vou ficar por aqui pois tenho mesmo que tentar descansar e logo vou voltar a voar para a minha Terra de Luz, Moçambique…agora apenas Eu…vou fazer a costa toda e tentar ver se consigo ir visitar projectos…
Vou-me reencontrar (de novo) por lá e escrevo em breve…
Peço desculpas do “pesar” deste texto mas como poderia eu não Ser apenas eu………………………
Amo-vos de coração e alma cheios e as saudades já não cabem cá dentro… Estou muito feliz aqui mas estaria mais feliz se tivessem todos cá! Hahahaha BORA PARA ÁFRICA!!!! =D
Obrigada por tudo…estou sempre a receber directamente e indirectamente o vosso Amor e isso não tem preço… =’’)))) …
Até já…………………………………………SEMPRE!!!.... =’)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

...próxima paragem do Amor...

[O texto que virá a seguir escrevi-o na terça, no dia do meu “segundo” voo pelo Caminho do Amor… entretanto: JÁ ESTOU NO QUÉNIA!!! =)))) E MUITO FELIZ!!! =))))) Tenho MUITAS NOVIDADES mas vão ter que esperar mais uns dias pois só agora é que consegui mandar este e, sinceramente, ainda estou a digerir a despedida tão profunda que foi da minha Casa de Inharrime… =’) …não há hora que não me lembre das minhas 51 meninas, das minhas “irmãs”, das minhas espanholitas e americana e de todo os habitantes daquela utopia que (re)encontrei em Moçambique… =’) …
Tenho muitas saudades vossas e não há mesmo palavras para o Amor que nos liga…não há distância física que nos afaste… =’) …
Até já meus Amores eternos…]

Ainda não vai ser desta que vos vou falar sobre o meu “último” dia em Inharrime, a Terra do Amor… =’) …mas tive agora mesmo um momento de “iluminação” e cá estou eu, a voar a escrever-vos este texto… =D …Sinto mesmo que o meu coração também vos pertence… devia estar junto à janela mas um senhor “roubou-me” o lugar e eu enfim…segui o meu coração e os lemas de Vida que acredito que devem ser constantemente postos em prática e: “Deixa estar…Para quê estar a trocar de lugar?...se assim assim é porque tinha que ser…” é engraçado pois no texto que já comecei a escrever falei um pouco nisto que se resume apenas em uma palavra (e que já mencionei muitas vezes ser a palavra-chave de 2010) ACEITAR………..se aceitarmos TUDO, de bom e mau, de coração aberto começamos a ler entre linhas…os sinais de trânsito desta Estrada, que é a Vida, começam a ser mais legíveis…e tudo irá fazer mais sentido do que imaginamos…e os caminhos de Luz irão nos aparecer como se já tivessem à nossa frente desde sempre…
Não vou mentir, tenho o coração apertado e já cheio de saudades das minhas “filhas” e das minhas “irmãs”… =’) …e algo em mim se “transformou”, agora sim, sinto-o verdadeiramente e mora em mim um sentimento de pura Aceitação…nestes 2 meses que me pareceram dois dias, (re)aprendi MUITO…MUITO MESMO…não há qualquer dúvida que o meu Caminho de Amor e Luz passava (e irá voltar a passar…) por Inharrime…estava a entrar no avião e alastrou-se em mim um sentimento que eu estou, literalmente, nas mãos de Forças Naturais, Divinas, como todos nós estamos…alguns chamam “Deus”,outros “Natureza”, meros conceitos…Apesar de também ter baptizado e, claro, chama-se: Amor… hehehe então senti-me a subir para o dorso do meu pequeno Condor que me leva ao colo para Nairobi… E mais encostada ao céu ou menos encostada, sentei-me onde havia lugar…e uma felizarda!SIM, pois é a segunda vez que me “deixam” entrar com uma bagagem de mão de 12kilos (ou mais!!nem me quiseram dizer!!!)…hehehe cheguei ao aeroporto às 7h30, a pensar que o voo seria à hora indicada no bilhete: às 9h, e como a chegar às portas do Céu (literalmente), acompanhada da minha querida irmã Dolorinda e outra irmã italiana (também ela um doce), duas senhoras com a estrutura da Teresa de Calcutá (por acaso é verdade, então a irmã Dolorinda nem se fala!é MUITO parecida…é aquela que vos falei um pouco, que foi “Mãe” do Raimundo e tem quase 80 anos que é a Superior lá da Casa das minhas meninas agora, que foi a primeira irmã salesiana portuguesa a chegar a Moçambique…chegou cá aos 15…façam as contas…YA!!!se calhar até me estou a repetir…desculpem…)…e estava eu nas portas do Céu…e São Pedro aparece! (sem dúvida que aquela Alma tinha que estar ali naquele momento) diz-me que o voo é só às 10h40 e que o check-in ia demorar algum tempo a abrir…mas logo a seguir ainda agarrado ao meu bilhete disse, com um ar muito assertivo e sorridente: “Ah! mas a hora de partida do voo foi alterada que era para a Rita não o perder! E vamos já fazer o seu check-in e assim pode ir lá para cima (para a esplanada que vos falei) ainda relaxar um bocado!”… “Essas duas malas vão no porão não é? (a pesar já a “pequena”)” O MEU AR DESESPERADO (bárbara, amor, lembraste em Lisboa!?!?!se não fosse a tua mãe….): -“A das costas é mas esta é a minha única mala de mão e tem o meu computador e a minha máquina… (fiz beicinho admito…hehehehe)” –“…(com um sorriso ainda mais amável)… Dá me só a outra!” (e pisca-me o olho)… Tão querido…São sinais…hehehe eu tenho a mania que a Vida vai nos lançando pistas mas é verdade…e todos nós somos iguais…por isso: estejam atentos!!...
Um aparte…no carro a chegar ao aeroporto com essas duas irmãs tive mais um momento “marcante”…(para mim…)… Aliás, todos os dias encaixo uma peça do meu puzzle…interminável…ou não…quando o “acabar” vai ser a partida para a minha Terra Estrelar…(pronto, para alguns de vocês: fritei!!!hehehehe isto pode ser tema de um texto no blogue mas vou deixar agora as minhas espiritualidades…)…não tenho pressa nenhuma…tudo a seu tempo e no seu lugar…quero-vos oferecer depois esse “puzzle” pois vocês fizeram parte dele…e não só… =’) …
Quando íamos no carro, essa irmã Luísa, italiana, que só a conheci em Maputo, perguntava-me o que eu fazia em Portugal e a qual era a minha “missão” aqui, e depois falámos do carisma das irmãs salesianas e na ajuda que vários ateus davam aos projectos que elas iniciam…da importância da educação…tópicos muito interessantes, conversas de quem apenas quer ajudar…e foi isso que estava a dizer antes de me despedir delas: “eu sei que vim para África para sentir o “chamamento” do que é que eu tenho que “fazer” para poder ajudar mais e melhor…quero mesmo tirar outra licenciatura mas ainda estou indecisa entre umas…e quer saber uma coisa? (para a irmã Luísa que estava à frente comigo a guiar) senti nestes dois meses que o que eu queria mesmo é, no fundo, “ter” a vossa “profissão”, pois estar ao serviço dos outros é o que me cativa, não interessa o meio para atingir isso…eu se for para ajudar os outros, até lavo o chão e carrego lixo, não me importa nada…existe curso para isso?...(com um tom irónico) infelizmente não “posso” ser freira…” e falei apenas com o meu coração…mas ela ficou literalmente a “apanhar do ar”…ela não me conhece e depois já percebi que é “esquisito” ouvir isto (antes achava isso “senso comum”…) então com um tom sereno, já naquela do “olha se ninguém percebeu, não faz mal, eu percebo-me e isso é que é importante” virei-me para trás e perguntei: -“A irmã Dolorinda percebeu o que eu quis dizer?....” ….(suspiro)…”Se percebi…já tinha percebido isso há muito tempo…por isso é que rezo por ti todos os dias…”…. =’)… fiquei sem palavras…como estou agora com a “torneira” sempre a pingar…tenho que me “controlar” um pouco se não…ainda me dão a alcunha da Madalena Karkassa…hahahahahaha bem…estou MUITO FELIZ!!! MESMO!!!
E voltando aqui para o embarque no meu Condor, o Sol majestoso mas humilde falou para mim…e eu só lhe disse (e disse mesmo, não chegava falar sozinha já falo também para o Sol…hehehe) : “Obrigada…estou nas tuas mãos…faz o que quiseres de mim…só quero é cumprir a minha missão…o que for que tiver que fazer: faço-o e sempre A ESPALHAR AMOR!!!!! pois é essa a minha maior e melhor ferramenta…já percebi…” (e reler a tua carta Amor, barbara, foi muito bom para me relembrar disso…obrigada… =’)…) hahahahaha ai ai…podem rir…eu também me rio de mim própria, por isso ser a Karkassa e com muito gosto!!!ah!é verdade!já vos disse que lá as irmãs moçambicanas já me chamavam a Karkassinha?!hahahahahahahaha mas eu lhes explicar o porquê de Karkassa……ui!!!!claro que não fui mesmo aos primórdios…hahahaha…se não as Matérias Divinas teriam sido aludidas e nós não as queremos por aí…elas devem estar bem guardadinhas pois na Eucaristia em vez de oferecerem o Pão e o Vinho, passavam a oferecer Cristais e…Selos, para enviar postais para Casa…(hahahahahaha) ai ai…bem, onde isto já “foi”!!!!…(alguém me acompanhou nestas piadas “privadas”….já oiço alguns a dizer para o computador: “NAAAAANNNN RITA…foste muuuuiiitooo discreta…ui!”…hihihihihihi (Victor, Amor, empresta-me lá a escavadora!!!hahahahahahaha) Bom, Amor e Alegria, os dois eternos A.A. (hehehehehe) acho que vão ser, também, tatuados…(já é a segunda ideia de tatuagens que tenho aqui no blogue e que ideias brutais!!!!Esta vou fazer quando chegar: A.A., agora aonde…bem…continuando…)
Subi para o meu pássaro gigante que já não tenho medo de ir com ele… (e obrigada Victor pela mensagem ouvida…acho que esteve constantemente no meu ouvido enquanto me preparava para reabrir as asas…=’) …) e depois de “estar” um pouco em meditação profunda com as minhas meninas…e “preparar-me” para a “Mãmã-espalha Amor II”, neste caso, versão agora inglesa: “Mamy-spread Love II”…hehehehehehe (ai o meu inglês….)…. Tive o “feeling” de ir espreitar aquela revista que nos dão…(já estava a pressentir algo, pois é sempre merda que sai dessas revistas mas algo me dizia: “Rita, estás em África: “abre”!...”hehehehe E……..peço desculpas, mas acho que vocês vão amar, MESMO, e comecei a escrever aqui MESMO para vos transcrever o texto, por isso: TÊM MESMO QUE LER!!!HAHAHAHA estou a brincar…mas eu sentava-me, puxava um cigarro, ia buscar um copo de vinho (ou não) e deliciava-me com este texto de Mia Couto…arrepiou-me profundamente e já pedi para levar a revista comigo pois tem mais textos de autores brutais moçambicanos, inclusive aquela escritora maravilhosa que já vos meti aqui no blogue um pequeno trecho…espero é que pelo menos comecem a ler…pois tenho a certeza que não vão conseguir largar enquanto não devorarem até ao fim…e meus amores “Homens”: com o mundial aí no ar (e aqui mesmo a acontecer) o texto fala também de futebol…é um hino ao futebol…E ao Amor…por Mia Couto!! Já para não falar do “trabalho” que vou ter a copiar caralho!!!!hihihihihihi estou a gozar!!!é com o maior prazer pois faz-me muita falta não estar aí e vocês aqui para poder partilhar estes momentos tão especiais com os meus amores… =’)…Por isso aqui vai:

“No meu bairro, o futebol era a grande celebração. Preparávamo-nos para esse momento, como os crentes se vestem para o dia santo. Aquele domingo era um tempo infinito. E o campo, aberto num descampado da Muchatazina, era um estádio maior do que o mundo. O jogo ainda por começar e o coração no peito já cansado: não havia relógio onde coubessem aqueles noventa minutos.
Não era a sede de ganhar. Não quero parafrasear Pierre Coubertin, mas o importante era estar lá, nesse jogo de infinitas representações que permite o futebol. De repente, o nosso lugar migrava e a nossa identidade transitava para mundos onde tudo era grande e brilhante. Esse era o segredo desse atropelo no peito, desse vício que nos fazia fugir de casa, faltar à escola, e deixar à espera a namorada. Quando jogávamos deixávamos de ser nós. Deixávamos de ser. E éramos tudo, todos. Vivos e mortos perfilados no panteão dos que nunca perderam.
Na minha gloriosa equipa, eu era avançado do centro. Um eufemismo, talvez, designar-me desse modo. Porque eu apenas fintava. Nunca rematava. A minha alcunha em xi-sena já dizia dessa minha habilidade: eu era o “kiywa”, o fintador. Um fintabolista, como chacoteavam outros. Faltava, porém, um nome para a minha inabilidade.
- “Caraças, para ganhar é preciso marcar, pá! Esse gajo é um poeta. É o que ele é: um poeta.”
Era Jujú Chuteirinho, o nosso mestre treinador. Talvez ele, o mister, tivesse razão. Talvez eu não fosse realmente um avançado. Talvez o meu terreno fosse realmente a poesia. Mas a beleza do futebol não está no golo. Como na arte do namoro: o fascínio está nos preparativos. O encanto está no que não pode ser traduzido em número nem em palavra. A partida de futebol é sempre mais do que o resultado. O mais belo num jogo é o que não se converte em pontos de classificação, é aquilo que escapa ao relatador da rádio, são os suspiros e os silêncios, os olhares e os gestos mudos de quem joga dentro e fora das quatro linhas.
Voltemos a Chuteirinho. A frustração era, afinal, explicável: na Beira, minha cidade, os bairros eram territórios de fingido confronto. A guerra mundial era entre bairros da pequena urbe que desobedecia à própria lógica urbana. A Beira nasceu desobediente: eu mesmo nasci e cresci em zonas que tinham sido destinadas para os “asiáticos”. E os futebóis se faziam de misturas que afrontavam as fronteiras raciais do momento. O Esturro era, nessa altura, o meu bairro, a minha tribo, a minha nação. Preparava-se o grande derby que opunha o Esturro à Ponta-Gea. O destino estava nas nossa mãos, melhor dizendo, nos nossos pés. Jujú Chuteirinho decidiu ensaiar em mim os seus melhores dotes psicológicos.
Naquela tarde, em véspera do jogo, Chuteirinho convocou-me. O seu semblante era sério, solene. Fez-me sentar no muro, frente à casa, enquanto manuseava um varapau como se fosse uma gigante lapiseira.
- Estás a ver a pequena área? – perguntou, fazendo uns rabiscos na areia.
Os rabiscos se complicaram ilustrando, enquanto falava, a minha evolução caótica pelo relvado. Depois, voltou a reforçar o traço num pequeno quadrado:
- Faz conta que a pequena área é uma miúda. Sim, uma miúda, uma gaja. É preciso descascá-la, acariciá-la, beijá-la. Mas, depois… depois…
- Sim, depois? – inquiri eu, meio adormecido pelo riscar da madeira na areia.
- Depois…, depois pergunto eu: depois, no momento decisivo, é preciso o quê?
Era óbvia a alusão do mestre Jujú, o melhor treinador de todos os tempos. Para mim, porém, a metáfora tinha-me escapado. O amor não tem “depois”. O amor é o tempo inteiro consumindo-se no instante. E vieram-me à cabeça as meninas que, nesses meus quinze anos, se acumulavam à porta dos mais platónicos sonhos. E veio Alda, Guida, Isabel, Martinha, Leila, Paula, Mónica e mais do que todas, a Laura, a mais recente. E pensei, de repente: eu, no amor, só finto. Não remato. Foi isso que pensei, naquele momento.
Jujú Chuteirinho não reparou no meu olhar distante, perdido em outros campeonatos. E continuou explanando as apuradas tácticas: a bola em rosca nos livres directos, a bola em arco nos cantos, a bola em bala nos penaltis. Se eu vivia o futebol em poesia, Chuteirinho era exímio prosador. O idioma dele era uma língua capinando relvados: os pontapés de “bicicleta”, os “carrinhos”, os “frangos”, os “chapéus”, a “força anímica”, o “jogo jogado”. Mas eu não o escutava. Dentro de mim soava apenas o conflito entre eu e a minha idade.
No dia seguinte, já em pleno estádio, envergando a farda da selecção mais famosa do universo, passei o olhar pela assistência. Imagino hoje, a vidas de distância, como se sente Cristiano Ronaldo perante o imenso clamor da multidão. No meu estádio, a multidão era a humanidade inteira. Principalmente, reparei nas miúdas, nos lugares da frente, espremendo-se para não perderem pitada do jogo. De repente, a realidade se sobrepôs ao devaneio e notei, entre a assistência: lá estavam elas, as miúdas. Verdadeiras, de corpo, alma e força anímica. Ali estavam elas, em distinta moldura, atrapalhando-me as rótulas. E estava, sobretudo, Laura, a mais bela de todas. Os meus olhos, por sabedoria instintiva, pousaram no treinador. O sorriso matreiro no rosto de Chuteirinho confirmava: era um plano arquitectado por ele. Frente ao friso das minhas paixões eu não tinha senão que fazer golos. Sem golos, ninguém ganha. Nesse jogo, uma vez mais, não marquei. Para tragédia do “mister”, não ganhámos. Não sei porque escrevo “nós”, no plural. Porque, no final, acabei vencendo. Não foi no jogo. Nem nos momentos que se seguiram. Foi mais tarde, quando tudo parece ter o sabor do irreversível. Já entenderão!
No dia seguinte, Laura me visitou. A voz dela era tão cheia de vozes, que eu hoje a recordo apenas por essa imaterial presença. E ela me perguntou:
- Estás triste por causa do jogo?
- Estou triste por causa de mim.
Laura era mais velha, sabia de coisas que eu apenas suspeitava. Desembrulhou um papel garatujado por sua própria letra. É um poema, sussurrou ela. É para mim? , perguntei. E ela respondeu: Não, é para Ademir. O nome do outro me atingiu como uma fisgada. Como se, de súbito, eu tivesse sido despromovido de avançado, interdito como jogador. Guardei o papel no bolso, amarrotado com fúria sem que ela percebesse. Mais do que a derrota me doía aquela atenção de Laura por outro. E fui, dali para a minha solidão. Laura ainda me ligou umas tantas vezes. Mas eu recusei atender.
Nunca li o tal poema. Voltei a encontrar Laura, anos depois, já ela sofria do peso de ser mãe de mãe. Não a reconheci. Foi ela que me recordou o quanto me procurou após a última visita. Perguntei-lhe por Ademir. Que Ademir?, estranhou. Nunca conheci nenhum Ademir. A resposta era convincente, de tal modo sincera que desviei o assunto para outras ausências e deslembranças. Já regressado a casa, procurei o papel velho, ainda amarrotado. Laura tinha transcrito até o nome do autor. Era um verso de João Cabral Melo e Neto e tinha por título: Ademir da Guia. E dizia assim:
Ademir impõe com o seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.
Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.
Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.
Atado a mim mesmo fiquei eu, depois de esclarecer o mistério do papelinho de Laura. Afinal, o Ademir não era nenhum “outro”. Bem vistas as contas, Ademir era eu mesmo, enredado na pequena área que é o momento da felicidade.
Voltei a guardar o velho papel, vencendo um triste sorriso. Uma vez mais, a poesia me tinha fintado. Pode haver um mister para as artes da bola. Mas o único treinador para a vida somos nós mesmos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

...o "Até Já"... =''')))) ...

Embora já tenha começado um texto para vos enviar depois...com tanta emoção e sem parar, não deu para acabar...mas não quero deixar de "sair" de Moçambique sem vos dar pelo menos um cheirinho do que foi a minha "despedida" lá na Casa do Amor com as minhas 51 meninas (e dos não sei quantos "adultos") que trago agora no meu coração, junto a vocês... =')...

Foi muito intenso o jantar e as surpresas que elas tinham para mim no domingo... ='( ...não estava à espera de tanto...

Partilho com vocês agora uma das 51 cartas (depois conto-vos tudo) que é da Norímia, tem 14 anos e...("copio" tal e qual como ela escreveu, com erros e tudo...)...

“Querida Rita
Ai vai uma pequena carta escrita por tua querida amiga.
É com muito carinho que te escrevo esta carta para dizer a mana Rita que nós vamos sintir muito faltas tuas.
Mana Rita peço-te por favor que nuca nos esqueças porque nós nunca te esqueceremos.
Eu quero agradecer por tudo quanto a mana Rita fez por nós, por ter estado aqui no meio de nós e dizer que a sua partida vai fazer muita falta mas muita mesma.
Eu prometo Rita que nunca te esquecerei sabe porquê? Porque esta flor que desenhei nunca vai murchar por isso nunca te esquecerei em toda a minha vida, espero que visite-nos mais vezes os nossos braços a nossa casa estará sempre aberta para te acolher e estaremos sempre a tua espera.
Beijinhos da sua amiga Norímia.” -eu escolhi esta carta pois o sombolismo todo à volta daquela "flor" está lindo...principalmente quando vocês virem a carta... =') ...ela "carregou" tanto nas cores da flor que até "arrepia" depois de ler o significado...

=''''))))))))))... queria escrever agora muito mais, mas daqui a duas horas e tal tenho o avião para apanhar para o Quénia...mais uma aventura, mais emoções, mais...tudo!!!e com vocês sempre no meu coração... =') ...é mesmo fabuloso o Amor que vos tenho e que sinto do vosso lado...OBRIGADA AMIGOS!!!Família do Amor...

A irmã Lucília também me escreveu uma carta que vos quero "ler", mas antes ela também escreveu um poema que leu em voz alta depois do jantar (aqui eu estava uma "torneira" autêntica...)

A carta:

“Querida Rita,
O tempo da tua doação tão intensa, neste cantinho de Inharrime chegou ao fim.
No coração fica a memória dos teus gestos carregados de amor;
da tua disponibilidade sem limites;
da tua entrega incondicional a esta missão;
do teu amor às pequenas e…às graúdas…e tanta, tanta emoção que não se pode descrever ou eu o não sei fazer.
Vieste, deixaste o teu perfume e…partes. Muito de ti fica em nós. Deixas um selo em Inharrime, e nós tuas irmãs com letras minúsculas, mas com coração grande, dizemos-te: Obrigada Rita!
Obrigada por teres escolhido este Centro para espalhar o teu amor. Não tiveste medida para amar, derramando amor às mãos alheias.
Obrigada por seres o que és e pela elegância com que manifestas as tuas expressões e vida.
Obrigada por tudo. Continua a ser feliz e, por favor, leva sempre no teu coração esta grande família que aqui deixas.
Nós também te conservaremos como grande tesouro que o Pai nos ofereceu.
Em nome de todas sou a tua mana Lucília”

(repararam no "espalhar o teu amor"!?!?LINDO!!! =') é que eu dizia muito isso e que só gostava de "beijinhos" e "miminhos" - "nada de bater"...hahahahahaha)


O poema - dedico-vos completamente =') ...:

“Quero ser a tua amiga,
Nem de mais nem de menos.
Nem tão longe nem tão perto
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te, sem medida,
E ficar na tua vida
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade.
Sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar quando for hora de calar,
E sem calar quando for hora de falar.
Nem ausente nem presente por demais,
Simplesmente, calmamente, ser-te paz…
É bonito ser amiga.
Mas confesso, é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças!
Dá-me tempo de acertar nessas distâncias!
Sim querida amiga, estejas onde estiveres,
Eu estarei contigo, porque para a verdadeira
Amizade não há obstáculos.”
....
=') ...até já Amores meus...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

...a minha vizinhança... =) ...

Isto são as "casas normais" do pessoal daqui...as verdadeiras e míticas: Palhotas...










Reparem no "mini jardim" à entrada...todo arranjadinho... =) ...








AGORA: AS MELHORES FOTOS!!! Reparem no "candeeiro" (a imitar mesmo aqueles de rua)...brutal!!!!




Reparem no "arranjo floral" à porta.................................................................................


E aí está ele: o cadeado...para a porta da rua de casa..............................................................

ADORO!!!! =)
Amores quando comprarmos o terreno para a nossa Utopia do Amor, iremos construir palhotas destas para nós!!!!! =) ...